sábado, 30 de março de 2013

Óscar Lopes (1917-2013)



Sendo nós professores, é nosso dever deixar aqui um testemunho de gratidão e de reconhecimento à grande figura da cultura portuguesa, ao cidadão e ao mestre, Óscar Lopes, falecido no passado dia 23.
Todos os que iniciaram estudos literários a partir da segunda metade do séc. XX  habituaram-se desde muito cedo a considerar como uma “bíblia” a História da Literatura Portuguesa, obra fundamental e inovadora, escrita em parceria com António José Saraiva. Mas poucos se aperceberam da enorme estatura intelectual e humana de Óscar Lopes.

Óscar Lopes foi professor de liceu durante trinta anos e, depois de 1974, professor catedrático da Faculdade de Letras do Porto.

Os aspectos  relativos à sua maneira de ser e de estar são descritos por Isabel Pires de Lima, sua amiga e colega de docência na Universidade do Porto, num notável texto cuja extensão não me permite transcrever aqui na íntegra mas de que retirei as passagens que se seguem.

“Óscar Lopes foi um homem bom. Este será o primeiro e porventura maior elogio dos muitos devidos nesta hora ao nosso amigo. E foi ainda um homem humilde como só os homens sábios sabem ser. Humilde no saber, era humilde nas certezas, sempre pronto a rever-se e a ensaiar novas soluções para o mar de interrogações por onde sempre navegava procurando persistentemente respostas, sem que isso implicasse perda de um norte ideológico que toda a vida procurou com persistência, estudo e abertura de espírito.
(...) A curiosidade  intelectual que o caracterizará faz dele, jovem professor de português nos liceus, já com duas licenciaturas feitas, um incansável estudioso da literatura e da língua.
(...) A bondade já aqui evocada de Óscar Lopes, fruto evidentemente da sua elevada dimensão ética, também decorre em grande medida do ensaísmo que sempre praticou em todos os domínios – ensaísmo no seu sentido etimológico de ensaiar, tentar, encontrar soluções e tentar de novo novas hipóteses. A sua bondade manifestava-se neste sentido de abertura, abertura ao conhecimento e ao diálogo com o outro.”

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