terça-feira, 5 de junho de 2012

Ambiente, natureza e harmonia



  Olho o areal quase despovoado – pequenos grupos de jovens aproveitam o sol de Outono e alguns pescadores prendem as canas nos suportes cravados perto da água.
  Apetece-me fazer uma caminhada na praia. Descalço os sapatos e agrada-me enterrar os pés na areia morna. Minúsculos projécteis trazidos por bruscas e breves rajadas de um ventinho brincalhão, agridem-me a cara e ficam colados aos lábios.
  Aos poucos, quase insensivelmente, aproximo-me da beira-mar. Andar na areia molhada, mesmo à beirinha da rebentação das ondas, é um prazer.
     O mar banha-me os pés – é uma água fresca e revigorante que vai e vem - brinca comigo. A maré está a encher. Não dobrei as calças - molharam-se na extremidade. Não faz mal – secarão.
  A areia mole, frouxa, dificulta o caminhar. Afasto-me da água e sento-me numa trave de madeira, mais acima.
     E deixo-me entranhar – pela cor do mar, pelo vento, pelo fragor das ondas, que não consente outros sons que não os da natureza. E fico-me a contá-las: uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete... – seis pequenas e uma grande, como dizíamos quando era criança – quase funciona! O mar, ainda não limpo dos temporais recentes, tem uma cor indefinida: amarelo? verde? cinza?. As ondas enrolam-se iradas, mas espraiam-se languidamente, suavemente. O mar não bate na areia – lambe-a, acaricia-a, estende-se, alonga-se e desliza sobre ela.
    Em certas zonas, enormes manchas de espuma pelo mar dentro. Por vezes, do encontro de duas ondas em rebentação, nascem árvores de flores brancas. Efémeras…
Regresso e fico numa esplanada junto ao areal desfrutando, ainda, aquele vastíssimo espaço – céu e mar unidos pela linha do horizonte. As ondas formam-se próximo da praia e, para lá delas, o mar calmo tem uma quase definida cor azul que reflecte o azul aguado do céu.
Apetece-me encher os olhos da imensidão e respirar sofregamente a maresia que o vento traz, para as transportar comigo no regresso a casa.

     Maria Herculana
        25/10/2011

1 comentário:

  1. Maravilloso relato...todos hemos sentido esas sensaciones junto al mar, pero saber transmitirlas es el mérito del escritor;en este caso de María. Parabens

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