Sanlúcar de Guadiana
Após
o almoço, realizado no Baluarte do Castelo de Alcoutim, e tendo à vista, do
outro lado do Guadiana, o Castillo de San Marcos, mais conhecido por Castelo de
Sanlúcar,o Professor Juan Luís Carriazo, da Universidade de Huelva, proferiu
uma interessante palestra acerca da história do mesmo e do seu futuro como
atração turístico-cultural.
Situa-se o Castelo de Sanlúcar de Guadiana numa elevação fronteira à
vila portuguesa de Alcoutim, tendo o mesmo constituído, sobretudo na Idade Média,
– tal como o Castelo de Alcoutim –, um baluarte de defesa fronteiriça dos dois
países ibéricos, apesar das relações permanentes de boa vizinhaça que
tradicionalmente existiram entre as duas populações raianas.
Até há pouco tempo, pensava-se que a sua construção dataria do século
XV, mas as últimas investigações históricas situam-na, agora, no século XIV, ou
até antes no tempo.
Neste momento é o único castelo ou fortaleza da
Andaluzia que se encontra a ser alvo, simultaneamente, de trabalhos arqueológicos
e de recuperação estrutural. É intenção nele criar um núcleo museológico,
semelhante ao do Castelo de Alcoutim, e possibilitar que o mesmo se torne um
local de turismo histórico.
J.A.
Gonçalves
Um rio, duas margens, dois poemas.
Dois poetas do Guadiana, Carlos Brito, do "lado de cá" e Manuel Pacheco, do "lado de lá", pela voz da Fernanda Pinguinha:
Um rio, duas margens, dois poemas.
Dois poetas do Guadiana, Carlos Brito, do "lado de cá" e Manuel Pacheco, do "lado de lá", pela voz da Fernanda Pinguinha:
O RIO
Olhar-te
Guadiana adormecido
entre
duas margens da Ibéria
ler-vos
águas da história
vindas
de um tempo indefinido
sinuosa
artéria
sulco na
terra e na memória
Seguir-vos
correntes nebulosas
neste
ser e não ser ainda dia
buscar
no caudal encoberto
embarcações
outrora fabulosas
da
mediterrânica bacia
e outras
de curso incerto
(...)
Carlos Brito
Guadiana
O Guadiana, com o regaço sempre cheio de céus
Com o seu sol de serpentes, com a sua voz escondida,
Maternidade da água e noiva de mil ciúmes
E cerva da tarde constantemente ferida.
No seio late-lhe um desejo viajante
O cristal dos seios da pedra rodada
E no vento sonoro da rama o luzeiro
Que caiu do anjo ontem de madrugada.
Pé descalço entre juncos da moça que grita
Pisando vai a nuvem cheia de arrepio,
Hortelã, poejo, adelfa, margarida...
E despe-se a água para que passe o rio.
Manuel Pacheco
O cristal dos seios da pedra rodada
E no vento sonoro da rama o luzeiro
Que caiu do anjo ontem de madrugada.
Pé descalço entre juncos da moça que grita
Pisando vai a nuvem cheia de arrepio,
Hortelã, poejo, adelfa, margarida...
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