domingo, 10 de junho de 2012

Dos nossos associados, para o Dia de Portugal

Ontem, publicámos um poema de Tito Olívio, na sua vertente lírica.
Para ser publicado hoje, Dia de Portugal e das Comunidades, o mesmo autor enviou-nos o que se segue.


MEU POVO
Tito Olívio

 Na alvorada do tempo, os portugueses,
Em busca de outros mundos, além-mar,
Correram todo o mundo sete vezes
Numas cascas de noz, a navegar.
Deixaram o comércio aos holandeses
Ao trazerem a Índia pelo mar.
A canela, a pimenta e o açafrão
Passaram, em Lisboa, a estar à mão.

Depois, foi o Brasil, uma colónia,
Doce filão do ouro e pedraria,
Que vinham para cá sem cerimónia,
Prà chulagem da corte, que vivia
Do erário e dormia sem insónia.
E o povo trabalhava cada dia,
Comendo apenas pão com azeitonas,
De algibeiras vazias e nas lonas.

Ah! Bravos portugueses! Onde estão
As receitas de tantas descobertas?
Povo, cheio de fome e de ambição,
As vidas arriscou nas horas certas,
Para ficar no fim sem um tostão.
Gente boa, de portas sempre abertas,
Mas, ser fraca nas contas, foi seu mal.
Afinal, pra onde vais, meu Portugal?
  

Certo dia, vieram os franceses
Em busca das colónias que ficaram,
Porque outras eram já dos holandeses.
E foram os Filipes que os deixaram.
Antigos aliados, os ingleses,
Vieram cá também, mas ajudaram
A troco de honraria e bons abrigos.
Bem caro nos ficou ter tais amigos!

O rei, filho da louca, debandou,
Levando toda a corte, essa chulagem.
Com a fuga, o Brasil feliz ficou
E pôde se livrar da vassalagem.
E guerra fratricida se instalou,
Mostrando o mau instinto e ódio selvagem.
Criaram parlamento e deputados,
Gente inútil com ricos ordenados.

E mataram o rei, em manhã triste.
Pra mudar, não tinha outra solução?
Mudaram só as moscas e persiste
A trampa em que nadava esta nação.
Aquele luso herói já não existe.
Viver sem trabalhar é a ambição
Do esperto, do bandido, do incapaz.
Há tumultos nas ruas. Foi-se a paz.
  
Faro, 10-06-2012        


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