domingo, 7 de abril de 2013

A Ode à Alegria e o Hino Europeu


     A primavera vai cinzenta e as previsões acusam instabilidade. Não só as meteorológicas…



Por isso mesmo, andamos necessitados de uma explosão de cor, de alegria, de esperança.


                                     

A Ode à Alegria, com que Beethoven termina a sua Nona Sinfonia, deixa a seguinte mensagem:  a escolha contagiante da  alegria  partilhada pode ser um caminho de salvação.

Oh, amigos, deixemos estes tons!

Entoemos outros mais agradáveis e mais alegres!

E foi precisamente esta a peça musical escolhida para a primeira audição de música de uma série de outras que se seguirão, na Biblioteca António Ramos Rosa, comentadas pelo maestro João Miguel Cunha.
O comentário inicial, motivador e muito claro, facilitou  a compreensão da arquitectura da obra  e potenciou a qualidade de fruição da mesma aos que, como eu, nada sabem de música.
No final, um momento sublime com a audição da obra, executada sob a direcção de Herbert Karajan. 

Em baixo, uma gravação da mesma peça, sob a direcção de Leonard Bernstein. Não sendo boa a qualidade da imagem,  este filme do Youtube apresenta, no início, uma introdução pelo próprio Bernstein que, só por si, mesmo sem legendas, vale o esforço :


 Para esta Ode à Alegria, Beethoven escolheu um poema de Schiller  que é um hino à paz, à fraternidade e à tolerância.
O próprio Schiller já tinha  manifestado a convicção de que é possível elevar o carácter moral de um povo "tocando as suas almas pela beleza". 
Por seu lado,  Bernstein afirma, como se pode ouvir no vídeo anterior, que ninguém falou de modo tão compreensível a tantas pessoas, independentemente da sua origem, idade ou condição. 
Sendo assim, compreendem-se as razões que, em 1986, levaram à escolha desta peça musical como Hino Europeu.
Conhecendo a evolução da construção europeia, vemos agora distantes os ideais fundadores... 
É urgente escutar a Ode à Alegria!

Versão traduzida do poema:

Alegria, centelha divina,
Filha de Eliseu,
   Ébrios de luz penetramos
Oh divina, no teu reino.
O teu mágico fascínio une de novo
Tudo o que o mundo separou;

Todos os homens são irmãos,
Sob a tua suave presença.
Aquele que teve a sorte

De ser amigo de um amigo,

Aquele que conquistou uma doce companheira,

Deixem-no juntar-se ao nosso canto!

E também aquele que amou  um só momento
Ou aquele que apenas a uma alma
Possa chamar de sua sobre a Terra.

Mas quem jamais disto foi capaz
Que deste círculo se afaste em pranto.
Todas as criaturas bebem a alegria
Que jorra do seio da natureza;

Todos os seres, justos e injustos,
Seguem  o  perfume do seu rasto róseo. 
Ela nos dá beijos  e oferece os frutos da vinha

Um amigo fiel até à morte;
Ao verme concedeu o prazer
E a contemplação de Deus ao anjo.
Alegres como astros incandescentes

Que cruzam, gloriosos, os espaços siderais,

Percorrei, irmãos, o vosso caminho,

Alegres como heróis vitoriosos!

Abracem-se, milhões de seres,


Enviem este beijo a todo o mundo!

Por certo, irmãos, acima do céu estrelado

Deve habitar um Pai bondoso.
Prostrais-vos perante Ele, multidões?
Sentis n’Ele o vosso Criador?

Procurai-o acima das estrelas!

Acima delas deve estar  sua morada.

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