sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Cidade fantástica




Hoje, não foi atrás da linha do horizonte que o sol se pôs.
Para lá da névoa que sobre ela pairava e a esbatia, nuvens baixas e contínuas - silhueta de uma cidade a que tampouco faltavam farrapos-copas  de árvores.
E colado àquela cidade fantástica que nascia da bruma, um enorme lampião, esplendor tão forte que não se conseguia fitar, iluminava-a e, lentamente, desaparecia por detrás do casario.
Uma luz dourada contornou a cidade acentuando os contornos, irrealizou-a ainda mais e o céu foi banhado por tonalidades que o matizavam de vermelho e rosa.
Então, a irrealidade foi total, porque por cima, num oceano azul, calmamente deslizava um cardume conduzido por enorme baleia de cauda levantada, em tons rosados e cinza, seguida de peixes mais pequenos, tanto mais rosados quanto mais perto estavam do dourado que contornava a cidade.
Hoje, ao entardecer, para cá do horizonte a ria não refulgiu. A cidade-fantasma absorveu todo o fulgor do sol.

Maria Herculana
 29/11/2012

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