Hoje, não foi atrás da linha do horizonte que o sol se
pôs.
Para lá da névoa que sobre ela pairava e a esbatia,
nuvens baixas e contínuas - silhueta de uma cidade a que tampouco faltavam
farrapos-copas de árvores.
E colado àquela cidade fantástica que nascia da bruma,
um enorme lampião, esplendor tão forte que não se conseguia fitar, iluminava-a
e, lentamente, desaparecia por detrás do casario.
Uma luz dourada contornou a cidade acentuando os
contornos, irrealizou-a ainda mais e o céu foi banhado por tonalidades que o
matizavam de vermelho e rosa.
Então, a irrealidade foi total, porque por cima, num
oceano azul, calmamente deslizava um cardume conduzido por enorme baleia de
cauda levantada, em tons rosados e cinza, seguida de peixes mais pequenos,
tanto mais rosados quanto mais perto estavam do dourado que contornava a
cidade.
Hoje, ao entardecer, para cá do horizonte a ria não
refulgiu. A cidade-fantasma absorveu todo o fulgor do sol.
Maria Herculana
29/11/2012
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