quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Bram Stoker, o "pai" de Drácula


Como se celebram hoje os cem anos da morte de Bram Stoker, recebemos o artigo que se segue.
Parece que os vampiros estão cheios de atualidade...


Bram  Stoker é o nome pelo qual ficou conhecido o escritor irlandês Abraham Stoker (Dublin, 8/11/1847) - Londres, 20/04/1912), autor de Drácula.
De saúde frágil e com grande dificuldade de locomoção, passa os primeiros anos da sua vida a ouvir histórias e a ler, quase compulsivamente.
Dotado de uma grande força anímica, frequenta o Trinity College da sua cidade natal e, mesmo com a saúde vulnerável, dedica-se às atividades desportivas.
Desde cedo reconhece a escrita como a grande paixão, que o ambiente académico e intelectual alimenta. Membro ativo da chamada Sociedade Filosófica, aos 16 anos, escreve, com sucesso, o seu primeiro ensaio, intitulado Sensationalism in Fiction and Society. Aliás, posteriormente, viria a presidir à Sociedade Filosófica e a ocupar a função de auditor da Sociedade Histórica.
No ano de 1866, ainda estudante, é admitido no funcionalismo público e passa a trabalhar no castelo de Dublin, enquanto escreve o manual Deveres dos Amanuenses e Escrivães nas Audiências para Julgamento de Pequenas Causas e Delitos na Irlanda.
Em 1870, forma-se em matemática pura, com louvor, e cinco anos depois recebe o grau de mestre. Mas a ficção começou a ocupar-lhe cada vez mais tempo, acabando mesmo por se tornar  a sua principal atividade.
O interesse pelo teatro levou-o a oferecer-se como crítico (sem remuneração) do jornal Dublin Evening Mail. As suas inteligentes críticas impressionam e o seu nome passa a ser dos mais conceituados no meio artístico, social e intelectual da capital irlandesa. Assim, passa a conviver com personalidades influentes, nomeadamente, Óscar Wilde, Arthur Cnan Doyle e William Buttler Yeats.

 As suas incursões pela literatura começam a ser regulares e os seus contos e peças ficcionais publicados em jornais da cidade. The Chain of Destiny foi seu primeiro trabalho na linha do terror sobrenatural, publicado em 1875, no periódico Shamrock.

Em 1878, casa-se com a atriz Florence Balcombe (uma das mulheres mais lindas de Dublin e antes comprometida com Oscar Wilde) e vão ambos viver para Londres, já que Stoker aceitara a oferta do amigo Henry Irving (famoso ator inglês da Era Vitoriana com quem travara amizade em 1876) para administrar o Royal Lyceum Theatre.
Os primeiros anos em Londres foram bastante intensos e produtivos. Além de fazer parte da equipa literária do jornal londrino Daily Telegraph, para o qual escreveu ficção e outros géneros, em 1879 (ano em que nasce, a 31 de Dezembro, Irving Noel Thornley Stoker, único filho do casal), publica The Duties of Clerks of Petty Sessions in Ireland.
Ao serviço da companhia teatral de Irving, a que permanece ligado durante cerca de 30 anos, tem oportunidade de viajar por vários países, apesar de, curiosamente, nunca ter visitado a Europa Oriental, cenário de seu mais famoso romance, Drácula, publicado em 26 de maio de 1897.


Apesar de continuar com a sua atividade literária, nenhuma outra obra se aproximou do sucesso que atingira, podendo mesmo dizer-se que a carreira e a vida pessoal começam a declinar a partir daí. O Lyceum e o seu acervo de adereços cénicos são destruídos por um incêndio e o teatro, em condições precárias, é transferido para um sindicato, mas encerra definitivamente suas atividades em 1902.
Em 1905, Henry Irving morre e, no mesmo ano, Stoker sofre um derrame cerebral e contrai a doença de Bright (que afeta o funcionamento dos rins). Gradativamente, a sua saúde deteriora-se. Ainda assim, em 1906, com grande esforço, faz questão de publicar, em homenagem ao amigo de longa data e sócio, Personal Reminiscences of Henry Irving, e, posteriormente, mais duas obras.
 Da sua bibliografia fazem ainda parte títulos como Under the Sunset, uma coletânea de contos infantis, editada em 1882, The People, (1889), O Castelo da Serpente (1891), The Watter´s Mou e Croken Sands (1894), The Shoulder of Shasta (1895), Miss Betty (1898),  A jóia das sete estrelas (1903),  The Man (1904), O Caixão da Mulher-Vampiro (1909) e O Monstro Branco, o seu último romance, de 1911.
Depois de sofrer uma série de derrames cerebrais, morre no dia 20 de abril de 1912, na  cidade de Londres, tendo as suas cinzas sido depositadas numa urna no Crematório de Golders Green.
O nome de Abraham “Bram” Stoker figura na literatura mundial, tendo a obra Drácula ficado inscrita como a principal no desenvolvimento do mito literário moderno do vampiro.
O seu sucesso parece residir na rara combinação entre uma trama extremamente bem construída, personagens fortes e um tema mórbido e lúgubre. Resultado de uma prodigiosa imaginação e de vários anos de pesquisa do folclore europeu e das histórias mitológicas de vampiros, aborda a trajetória do diabólico Conde Drácula, da Transilvânia até Inglaterra e é pautado ainda por personagens célebres, como Jonathan Harker e Abraham Van Helsing.
O sucesso do livro, permeado pelo horror tétrico e sobrenatural, foi imenso, resultando em adaptações para teatro, cinema, séries televisivas e banda desenhada, e tornou-se fonte inspiradora de ficção, até aos nossos dias.


“O amor é mais forte que a morte.”in Drácula"

M.J.R.



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