Como se celebram hoje os cem anos da morte de Bram Stoker, recebemos o artigo que se segue.
Parece que os vampiros estão cheios de atualidade...
Bram Stoker é o nome pelo qual ficou conhecido o escritor irlandês Abraham Stoker (Dublin, 8/11/1847) - Londres, 20/04/1912), autor de Drácula.
De saúde frágil e com grande dificuldade de locomoção, passa os primeiros anos da sua vida a ouvir histórias e a ler, quase compulsivamente.
Dotado de uma grande força anímica, frequenta o Trinity College da sua cidade natal e, mesmo com a saúde vulnerável, dedica-se às atividades desportivas.
Desde cedo reconhece a escrita como a grande paixão, que o ambiente académico e intelectual alimenta. Membro ativo da chamada Sociedade Filosófica, aos 16 anos, escreve, com sucesso, o seu primeiro ensaio, intitulado Sensationalism in Fiction and Society. Aliás, posteriormente, viria a presidir à Sociedade Filosófica e a ocupar a função de auditor da Sociedade Histórica.
No ano de 1866, ainda estudante, é admitido no funcionalismo público e passa a trabalhar no castelo de Dublin, enquanto escreve o manual Deveres dos Amanuenses e Escrivães nas Audiências para Julgamento de Pequenas Causas e Delitos na Irlanda.
Em 1870, forma-se em matemática pura, com louvor, e cinco anos depois recebe o grau de mestre. Mas a ficção começou a ocupar-lhe cada vez mais tempo, acabando mesmo por se tornar a sua principal atividade.
O interesse pelo teatro levou-o a oferecer-se como crítico (sem remuneração) do jornal Dublin Evening Mail. As suas inteligentes críticas impressionam e o seu nome passa a ser dos mais conceituados no meio artístico, social e intelectual da capital irlandesa. Assim, passa a conviver com personalidades influentes, nomeadamente, Óscar Wilde, Arthur Cnan Doyle e William Buttler Yeats.
As suas incursões pela
literatura começam a ser regulares e os seus
contos e peças ficcionais publicados em jornais da cidade. The Chain of
Destiny foi seu primeiro trabalho
na linha do terror sobrenatural, publicado em 1875, no periódico Shamrock.
Em 1878, casa-se com a
atriz Florence Balcombe (uma das mulheres mais lindas de Dublin e antes
comprometida com Oscar Wilde) e vão ambos viver para Londres, já que Stoker aceitara a oferta do amigo
Henry Irving (famoso ator
inglês da Era Vitoriana com quem travara amizade em 1876) para administrar o Royal
Lyceum Theatre.
Os primeiros anos em Londres foram bastante intensos e produtivos. Além de fazer parte da equipa literária do
jornal londrino Daily Telegraph, para o qual escreveu ficção e outros géneros, em 1879 (ano em que nasce, a 31 de Dezembro, Irving
Noel Thornley Stoker, único filho
do casal), publica The Duties of Clerks of Petty Sessions in Ireland.
Ao serviço da companhia
teatral de Irving, a que permanece ligado durante cerca de 30 anos, tem oportunidade de
viajar por vários países, apesar de, curiosamente, nunca ter visitado a Europa
Oriental, cenário de seu mais famoso romance, Drácula, publicado em 26 de maio
de 1897.
Apesar de continuar com a sua atividade literária,
nenhuma outra obra se aproximou do sucesso que atingira, podendo mesmo dizer-se
que a carreira
e a vida pessoal começam a declinar a partir daí. O Lyceum e o seu
acervo de adereços cénicos são destruídos por um incêndio e o teatro, em
condições precárias, é transferido para um sindicato, mas encerra
definitivamente suas atividades em 1902.
Em 1905, Henry Irving morre e, no mesmo ano, Stoker sofre um derrame cerebral e contrai a doença de
Bright (que afeta o funcionamento
dos rins). Gradativamente, a sua saúde deteriora-se. Ainda assim, em 1906, com
grande esforço, faz questão de publicar, em homenagem ao amigo de longa data e
sócio, Personal Reminiscences of Henry Irving, e, posteriormente, mais duas obras.
Da sua bibliografia fazem
ainda parte títulos como Under
the Sunset, uma coletânea de
contos infantis, editada em 1882, The People, (1889), O Castelo da Serpente (1891), The Watter´s
Mou e Croken Sands (1894), The Shoulder of Shasta (1895), Miss Betty (1898), A jóia das sete estrelas (1903), The Man (1904), O Caixão da Mulher-Vampiro (1909) e O Monstro Branco, o seu último romance, de 1911.
Depois de sofrer uma série
de derrames cerebrais, morre no dia 20 de abril de 1912, na cidade de Londres,
tendo as suas cinzas sido depositadas numa urna no Crematório de Golders
Green.
O nome de Abraham “Bram”
Stoker
figura na literatura mundial, tendo a
obra Drácula ficado inscrita como a
principal no desenvolvimento do mito literário
moderno do vampiro.
O seu sucesso parece
residir na rara combinação entre uma trama extremamente bem construída,
personagens fortes e um tema mórbido e lúgubre. Resultado de uma prodigiosa
imaginação e de vários anos de pesquisa do folclore europeu e das histórias
mitológicas de vampiros, aborda a
trajetória do diabólico Conde Drácula, da Transilvânia até Inglaterra e é
pautado ainda por personagens célebres, como Jonathan Harker e Abraham Van Helsing.
O sucesso do livro, permeado pelo horror tétrico e sobrenatural, foi imenso, resultando em
adaptações para teatro, cinema, séries televisivas e banda desenhada, e
tornou-se fonte inspiradora de ficção, até aos nossos dias.
“O amor
é mais forte que a morte.”in Drácula"
M.J.R.
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