terça-feira, 7 de julho de 2009

Quintas Românticas do Porto




A partir do Renascimento e sob influência italiana, começaram a aparecer em Portugal as “quintas de recreio”.
A partir desta época, as famílias abastadas começaram a construir casas retiradas do centro das cidades (de preferência em lugares com bons acessos a partir destas), onde se protegiam dos rigores do Verão ou de outros perigos urbanos (entre os quais as pestes). Alguns permaneciam nas quintas grande parte do tempo e aí preferiam criar os filhos, em contacto com a natureza, antes de estes chegarem à idade de se integrarem na vida da urbe. Algumas antigas quintas de recreio são hoje conhecidas como palácios, como o das Galveias, do Marquês de Fronteira e até mesmo o de Belém, em Lisboa, agora perfeitamente integradas na malha urbana mas que outrora estavam afastadas do centro.

Anteriormente, na Idade Média, os hortos e as quintas, propriedades de conventos ou de famílias nobres, destinavam-se essencialmente à produção de alimentos ou de ervas medicinais, não estando associadas ao lazer nem à fruição estética.
Com a abertura e o desenvolvimento que as viagens imprimiram à economia e a todas as áreas do conhecimento, surgiram em Portugal, no séc. XVI, as primeiras quintas de recreio que, embora continuassem a preservar a anterior função de produção hortícola, passaram a ser objecto de grande investimento pessoal e económico por parte dos seus proprietários, de modo a torná-las sobretudo espaços de lazer, de fruição, de convívio e também, claro, de ostentação e de afirmação de poder.
Como pioneiros desta tendência, destacam-se o Bispo de Viseu, D. Miguel da Silva, que foi quem a introduziu em Portugal em 1527 e, mais tarde, em 1560, o Bispo do Porto, D. Rodrigo Pinheiro, que transformou a grande quinta episcopal em quinta de recreio.
Passou a ser costume, entre os nobres e as classes abastadas, ir “tomar bons ares”. Na realidade, passaram também a usufruir de todos os prazeres que a nova arte paisagística lhes podia oferecer.
Os jardins adossados às fachadas e enquadrados por bosques eram desenhados cuidadosamente e plantados com espécies florais e arbóreas trazidas de outras paragens. Os vastos panoramas, os aromas, as cores, as formas, as obras de arte, os murmúrios das águas, os sons musicais e as artes cénicas que aí tinham expressão, tudo contribuía para o deleite dos seus proprietários.



O Grande Porto é uma zona particularmente rica neste tipo de edificações. No séc. XVIII, foram construídas várias quintas, como a da Boucinha, da China, das Virtudes, dos Pachecos, de Fiães, do Freixo, da Bonjóia, da Prelada, de Ramalde, entre outras, sendo algumas destas da autoria de Nazoni.
Nesta época, as quintas evidenciavam a moda dos jardins “à francesa”, com canteiros cuidadosamente desenhados, adossados a uma das fachadas das casas.
Entretanto, sobretudo em Inglaterra, grandes paisagistas alargaram a função recreativa à paisagem circundante, projectando bosques e coutadas de caça.

Em meados do séc. XIX, a acentuada ascensão da burguesia e a numerosa comunidade inglesa que vivia no Porto explica a assimilação deste novo aspecto das quintas, se bem que a exiguidade das propriedades de cá não permitisse a grandeza de muitos parques europeus. Começaram todavia a desenvolver-se composições paisagísticas naturalistas, em que o maneirismo dos jardins “à francesa” vai dando lugar a espaços aparentemente naturais, embora projectados rigorosamente. Esta arquitectura paisagística estava de acordo com os padrões românticos da época, em que a natureza era simultaneamente fonte e reflexo das emoções em estado “puro”.



Outras imagens do passeio ao Porto










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