terça-feira, 7 de julho de 2009

Jardins da Andaluzia


Reais Alcáceres de Sevilha


Entre as antigas civilizações do Próximo e Médio Oriente, os Persas distinguiram-se pelo nível que alcançaram na arte do jardim.
A arte persa do jardim, tendo já recebido influências da antiquíssima Mesopotâmia, veio a repercutir-se em posteriores culturas muito diversas e heterogéneas ao longo dos tempos, desde os jardins islâmicos, andaluzes, aos claustros medievais, aos jardins renascentistas e até mesmo aos barrocos à francesa, que devem muito à concepção espacial do jardim persa.
Em persa antigo, a palavra paridaeza (em grego paradeisos e em latim paradisus) significava “entre paredes”. Desde o início, portanto, o jardim era um espaço fechado, protegido, seguro, propício ao repouso, à meditação e à fruição. Em suma, o paraíso na Terra.
Este tipo de jardins corresponde à concepção do mundo dividido em quatro elementos essenciais: água, ar, terra e fogo. Esta ideia traduz-se num espaço quadrado dividido por dois eixos que se cruzam, ao meio, formando quatro quadrantes. Os eixos, que sinalizam os quatro pontos cardeais, teriam no meio uma fonte, uma construção ligeira ou qualquer elemento que reforçasse o movimento do olhar para o centro, para o interior.
Estes eixos podiam ser caminhos, com canais de água. Os quadrantes destinavam-se a plantações baixas, irrigadas pelos canais normalmente construídos a um nível superior.



O jardim, na cultura islâmica (como na antiga cultura persa, egípcia ou mesopotâmica), deriva também de condicionalismos físicos e geográficos. A escassez de água, a aridez da terra, o calor intenso são determinantes para criar, a partir de sábios recursos, um jardim com uma atmosfera bem diferenciada do seu envolvimento natural exterior. O jardim islâmico torna-se um oásis com a introdução da água, bem supremo, fonte da vida. Mas um oásis entre muros que o protegem dos ventos escaldantes e proporcionam segurança e tranquilidade.
Por outro lado, o jardim islâmico tem uma função simbólica. Ele contribui para a demonstração de poder e de prestígio do que o habita.
Do ponto de vista espiritual, é o lugar privilegiado de comunicação com Deus, de reflexão e entendimento, o lugar que se abre ao céu e o reflecte nas suas águas.
No jardim islâmico, o sensorial manifesta-se através da beleza das formas, das cores, das texturas, pelos odores, pelos murmúrios da água e pelos sons musicais aí produzidos.
Nas paredes desenvolveu-se uma requintada arte ornamental, sobretudo os estuques trabalhados em formas geométricas ou vegetais ou até mesmo recorrendo à própria escrita árabe, exprimindo frases do Corão, poemas ou textos para homenagear o califa.
A água e a luz são elementos primordiais do jardim islâmico: variados e sábios recursos tendem a aproveitá-los e valorizá-los ao máximo.



No mundo andaluz, os jardins aliaram uma função prática à estética. O jardim-horto albergava plantas aromáticas, árvores de fruto e produtos hortícolas. A função científica do jardim deu origem ao desenvolvimento da agricultura e da farmacopeia. Aos prazeres da vista e do olfacto aliou-se o desejo de desenvolver toda uma ciência de aclimatação de espécies botânicas novas, concorrendo para isso uma sábia técnica de aproveitamento de água.
A função mística está também ligada ao conceito de jardim islâmico.
Desde sempre o jardim esteve ligado a um outro mundo de bem-estar perpétuo. O Paraíso persa, o Éden bíblico, o Paraíso evangélico, todos correspondem ao conceito de Jardim Espiritual.
No mundo islâmico, o Paraíso espiritual acessível ao crente na outra vida divide-se em sete paraísos, ou jardins escalonados. A ascensão da alma do piedoso muçulmano por essas diversas etapas configura a máxima purificação e perfeição de espírito.
Finalmente, temos o jardim poético. Com a generalização do costume de usufruir de belos espaços naturais, a partir do século X, desenvolveram-se géneros poéticos sobre jardins em geral ou, mais especificamente, sobre algumas flores.
Fecha-se assim o ciclo: da imaginação para o jardim e deste para o sonho e a poesia.

Traduzido e adaptado de
El Jardin Andalusi
Centro Virtual Cervantes

1 comentário:

  1. Por que n colocar as plantas cultivadas nesse tipode jardim.

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