Diane Mannion, Street Music
De manhã, ainda cedinho, gostava de descer pela ladeira que me levava diretamente ao largo da Meia Laranja, antecipando o prazer dos minutos que iria ali passar.
De manhã, ainda cedinho, gostava de descer pela ladeira que me levava diretamente ao largo da Meia Laranja, antecipando o prazer dos minutos que iria ali passar.
No
fresquinho da manhã, algumas pessoas ocupavam já as cadeiras das esplanadas e
os bancos do jardim, debaixo das árvores.
O
silêncio apenas era quebrado pelo músico do dia.
Podia
ser um homem que já passara a meia-idade vestido à anos 60 de sapatos brancos
de biqueira preta, a tocar saxofone ou um jovem estrangeiro que tinha um
sorriso tão lindo como os maravilhosos sons que extraía da guitarra elétrica.
As
pessoas quedavam-se estáticas e silenciosas a ouvi-los.
Na
frescura e silêncio da manhã, naquele grande largo, a música difundia-se sem
barreiras e ficava a pairar entre nós e o azul do céu, penetrando-me nota a
nota, lavando-me a alma e transmitindo-me um tal estado de leveza que o meu
pensamento vagueava sem destino.
Quando
começava assim o dia, tudo me parecia mais simples e até as pequenas
contrariedades deixavam de ter importância.
Era
com se me carregasse de uma porção extra de otimismo e bem-estar.
Maria Herculana
Verão de 2002