O que me importa o que só me importa a mim?
A. Malraux
quarta-feira, 21 de março de 2012
Dia Internacional da Poesia
A poesia nasceu ligada à música e a sua função primordial era perpetuar na memória coletiva os factos relevantes e os valores que organizavam a vida de uma comunidade.
Decorridos vinte e cinco anos sobre a morte de José Afonso, prestamos aqui uma homenagem ao poeta que, como nos tempos iniciais, ligou a palavra à música, deixando gravados na nossa memória os valores que nortearam a sua vida.
E a propósito de poesia partilho convosco o poema do poeta farense ANTÓNIO RAMOS ROSA de homenagem a ZECA AFONSO.
O canto que se erguia na tua voz de vento era de sangue e oiro e um astro insubmisso que era menino e homem fulgurava nas águas entre fogos silvestres. Cantavas para todos os acordes da terra, os obscuros gritos e os delírios e as fúrias de uma volta revolta justa contra eternos vampiros. Que imensa a aventura da luz por entre as sombras! A vida convertia-se num rio incandescente e num prodígio branco o canto sobre os barcos! E o desejo tão fundo centrava-se num ponto em que atingia o uno e a claridade intacta. O canto era carícia para uma ferida extrema que era de todos nós na angústia insustentável. Mas ressurgia dela a mais fina energia ressuscitando o ser em plenitude de água e de um fogo amoroso. É já amanhã cantor e o teu canto não cessa onde não há a morte e o coração começa.
Que maravilha! Não conhecia! Melhor do que isto para falar do Zeca e celebrar a poesia não era possível. E para recordar o Ramos Rosa, também não. Obrigada pela partilha, Madalena.
E a propósito de poesia partilho convosco o poema do poeta farense ANTÓNIO RAMOS ROSA de homenagem a ZECA AFONSO.
ResponderEliminarO canto que se erguia
na tua voz de vento
era de sangue e oiro
e um astro insubmisso
que era menino e homem
fulgurava nas águas
entre fogos silvestres.
Cantavas para todos
os acordes da terra,
os obscuros gritos
e os delírios e as fúrias
de uma volta revolta justa
contra eternos vampiros.
Que imensa a aventura
da luz por entre as sombras!
A vida convertia-se
num rio incandescente
e num prodígio branco
o canto sobre os barcos!
E o desejo tão fundo
centrava-se num ponto
em que atingia o uno
e a claridade intacta.
O canto era carícia
para uma ferida extrema
que era de todos nós
na angústia insustentável.
Mas ressurgia dela
a mais fina energia
ressuscitando o ser
em plenitude de água
e de um fogo amoroso.
É já amanhã cantor
e o teu canto não cessa
onde não há a morte
e o coração começa.
Que maravilha! Não conhecia!
ResponderEliminarMelhor do que isto para falar do Zeca e celebrar a poesia não era possível. E para recordar o Ramos Rosa, também não.
Obrigada pela partilha, Madalena.