domingo, 9 de maio de 2010






PALÁCIO e PARQUE de MONSERRATE

O Parque de Monserrate constitui um dos mais notáveis exemplos de jardins românticos em Portugal, fruto das contribuições dos seus proprietários e arrendatários que, desde os finais do século XVIII, o foram enriquecendo sucessivamente

Da história do local sabe-se que em 1540, Monserrate, então designado como Quinta da Bela Vista, estava integrado nos domínios do Hospital de Todos os Santos, de Lisboa. Frei Gaspar Preto, após uma peregrinação ao Eremitério Beneditino de Montserrat, na Catalunha, terá mandado edificar uma capela dedicada a Nossa Senhora de Monserrate, presumivelmente no local onde, segundo a lenda, durante o domínio árabe, um cavaleiro moçárabe, que ali vivia em conflito com o alcaide do Castelo dos Mouros, acabaria por perecer. Sepultado na colina seria posteriormente, venerado como mártir.

Em 1601, o Hospital de Todos os Santos aforava Monserrate à família Mello e Castro. D. Caetano de Mello e Castro, comendador de Cristo e vice-rei da Índia, acabaria por comprar a propriedade em 1718. Das casas então existentes, apenas se sabe que o Terramoto de 1755 as tornou inabitáveis.

Em 1790, Gerard DeVisme, comerciante inglês que enriquecera graças ao monopólio da importação de pau-brasil, concedido pelo marquês de Pombal, arrenda a quinta de Monserrate e manda construir um palacete neogótico. DeVisme residiu pouco tempo em Monserrate, acabando por subarrendar a propriedade e todas as suas benfeitorias a William Beckford, por volta de 1794.

Beckford utilizou uma pequena parte da sua grande fortuna para realizar inúmeras benfeitorias no palácio. Avançou, também, com a primeira concretização de um jardim romântico, que integrava as ruínas, um Cromeleque e uma cascata natural ali existentes.

Em 1799, Beckford deixa definitivamente o nosso país e Monserrate volta a entrar em declínio. Em 1809, Monserrate é visitada por Lord Byron, o famoso poeta, que cantou a beleza deste local na sua obra Childe Harold's Pilgrimage. O poeta, referindo-se ao palácio lamenta que "um matagal enorme" a custo lhe permitisse chegar "às salas sem ninguém com seus portais abertos" e considera, em carta escrita a 16 de Junho desse ano, que a Quinta de Monserrate "o primeiro e mais lindo lugar deste reino".

Em 1856 a quinta de Monserrate é comprada à família Mello e Castro por Francis Cook, um milionário inglês, comerciante de têxteis que manda refazer o palácio, agora ao gosto neo-mourisco, e que cria um notável jardim paisagístico, inspirado pelo romantismo inglês.

É graças ao espírito romântico de Francis Cook, à intervenção programática do paisagista William Stockdale, do botânico William Nevill e do mestre jardineiro James Burt que podemos hoje encontrar cenários contrastantes no Parque de Monserrate que, ao longo de caminhos sinuosos, por entre ruínas, recantos, lagos e cascatas nos permitem o contacto com ancestrais Fetos-arbóreos e Araucárias da Nova Zelândia e da Austrália, Agaves e Palmeiras que recriam um cenário do México, camélias, azáleas, rododendros e bambus, lembrando um jardim do Japão. Nesta aparente desordem, exemplares de espécies espontâneas da região, como os surpreendentes Medronheiros de porte

arbóreo, os já muito raros Azevinhos e os imponentes Sobreiros pontuam e complementam a magnífica paisagem.

Os jardins demoraram bastante tempo até serem concluídos (1863 a 1929). Monserrate manteve-se na posse da família Cook até 1947.

Monserrate oferece-nos hoje a possibilidade de fruição de um ambiente característico de um jardim romântico à inglesa, para além da contemplação de um património arquitectónico de referência e o conhecimento de inúmeras espécies botânicas de grande notoriedade

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