Casablanca, de Michael Curtiz (1942), foi o filme escolhido para a Tarde de Cinema, no passado dia 5, na Casa do Professor.
Tentar descobrir algumas das
razões misteriosas que fizeram deste filme um clássico da história do cinema
foi um dos nossos propósitos.
Os temas da honra, da glória e do amor perdido, num mundo
caótico, não terão sido alheios a esse sucesso. E a interpretação admirável dos
actores principais, Humphrey Bogart e Ingrid Bergman também não, evidentemente.
Mas talvez não expliquem toda a mágica de um filme em que, apesar de todas as
vicissitudes que envolveram a sua rodagem, tudo parece próximo da perfeição.
Contudo, excepção feita pela
personagem Lazlo, combatente da liberdade e símbolo moral inquestionável, todos
estão bem longe da perfeição, naquele mundo do salve-se quem puder, sem olhar a
meios, e que cabe todo ele no Rick’s Bar, o microcosmos onde se pratica a
pequena e a grande corrupção, a opressão e o crime. Onde se marca encontro com o destino, com a
sorte ou com o azar, na roleta ou num jogo solitário, de xadrez. Num jogo de
vida ou de morte, onde tantos procuram desesperadamente um meio de alcançar o mundo livre.
Tudo isto numa imagem magnífica,
num jogo de sombras e de luz, uma luz que, por vezes, é um foco no exterior que
varre tudo, espia a cidade e se infiltra também no bar.
Um piano vai tocando, seduzindo,
adormecendo consciências e afastando recordações dolorosas... Até ao momento em
que é esse mesmo piano que traz um passado que Rick queria esquecer
definitivamente.
Chegado o momento de se
confrontar com um mundo que desaba à sua volta, com as emoções ainda vivas de
um amor perdido, Rick é obrigado a abandonar o cinismo e a neutralidade com que
se protegia para tomar partido
e agir sobre o destino de outros,
correndo todos os riscos.
Tal como era necessário que
acontecesse com a América, depois de Pearl Harbour, apelando a um imaginário
patriótico.
Esta era a mensagem que o filme
deveria fazer passar, na altura. Contudo, com o passar do tempo, outras
leituras se têm vindo a sobrepor e a conferir a Casablanca um valor intemporal.
“As time goes by...”
Texto: MV
Texto: MV
Sem comentários:
Enviar um comentário