sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Tarde de Cinema





Casablanca, de  Michael Curtiz (1942), foi o filme escolhido para a  Tarde de Cinema, no passado dia 5, na Casa do Professor.

Tentar descobrir algumas das razões misteriosas que fizeram deste filme um clássico da história do cinema foi um dos nossos propósitos.
Os temas da honra,  da glória e do amor perdido, num mundo caótico, não terão sido alheios a esse sucesso. E a interpretação admirável dos actores principais, Humphrey Bogart e Ingrid Bergman também não, evidentemente. Mas talvez não expliquem toda a mágica de um filme em que, apesar de todas as vicissitudes que envolveram a sua rodagem, tudo parece próximo da perfeição.
Contudo, excepção feita pela personagem Lazlo, combatente da liberdade e símbolo moral inquestionável, todos estão bem longe da perfeição, naquele mundo do salve-se quem puder, sem olhar a meios, e que cabe todo ele no Rick’s Bar, o microcosmos onde se pratica a pequena e a grande corrupção, a opressão e o crime. Onde se  marca encontro com o destino, com a sorte ou com o azar, na roleta ou num jogo solitário, de xadrez. Num jogo de vida ou de morte, onde tantos procuram desesperadamente um meio de alcançar o mundo livre.
Tudo isto numa imagem magnífica, num jogo de sombras e de luz, uma luz que, por vezes, é um foco no exterior que varre tudo, espia a cidade e se infiltra também no bar.
Um piano vai tocando, seduzindo, adormecendo consciências e afastando recordações dolorosas... Até ao momento em que é esse mesmo piano que traz um passado que Rick queria esquecer definitivamente.
Chegado o momento de se confrontar com um mundo que desaba à sua volta, com as emoções ainda vivas de um amor perdido, Rick é obrigado a abandonar o cinismo e a neutralidade com que se protegia para  tomar partido e  agir sobre o destino de outros, correndo todos os riscos.
Tal como era necessário que acontecesse com a América, depois de Pearl Harbour, apelando a um imaginário patriótico.
Esta era a mensagem que o filme deveria fazer passar, na altura. Contudo, com o passar do tempo, outras leituras se têm vindo a sobrepor e a conferir a Casablanca um valor intemporal.
“As time goes by...”
Texto: MV


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